Bem-Aventurada Matia de Matélica (1253-1320)
A Família Nazarei, uma das mais ricas e antigas da cidade de Matélica, nas Marcas, Itália, viu nascer em 1253, ano da morte de Santa Clara, uma graciosa menina, que na fonte batismal foi chamada de Matia, nome que em língua hebraica significa “dada por Deus”. Seu pai se chamava Guarniere e sua mãe, Sibila, oriunda da antiga casa dos Ottoni. A data de seu nascimento talvez possa ser fixada a primeiro de março de 1253. Foi a única filha, educada com os mais primorosos cuidados. Era humilde, respeitosa, obediente, inteligente. O pai sonhava fazê-la brilhar no mundo e dá-la em casamento a um rico jovem chamado Pedro dos Condes Gualtieri. Porém, outras eram as aspirações da jovem. Embora não revelasse ao pai seus anseios de consagrar-se a Jesus, pos-se a rezar intensamente e fazer muitas penitências, para que Deus a esclarecesse nas grandes provas. Existia em Matélica, desde 1230, o Mosteiro Santa Maria Madalena, onde, sob a Regra de Santa Clara, viviam a vida evangélica algumas mulheres santas. Matia frequentava essa igreja. Ouvindo a salmodia das irmãs sentia-se sempre mais atraída por aquele gênero de vida. Por muitas vezes manifestou esse desejo à Irmã Rosa sua prima. Sua decisão desagradou muito aos pais. Porém, aos dezoito anos abandonou tudo e, sozinha, apresentou-se ao Mosteiro. A abadessa prudentemente julgou ser melhor que Matia retornasse à casa e pedisse autorização do pai. Mas ela, estando em oração na capela, encontrou por acaso uma velha túnica e um véu. Vestiu-os imediatamente, ingressando na clausura junto com as outras irmãs. Uma vez dentro, nada conseguiu removê-la, nem os argumentos mais fortes da família. Finalmente, o pai se convenceu do chamado de Deus, ante a firmeza e constância da filha. Desde o noviciado, foi modelo de constância radical, na vivência do ideal clariano. Em 1271, a 10 de agosto fez sua Profissão religiosa, e oito anos depois foi eleita abadessa, em 1297. Neste cargo, foi edificante na conduta, conduzindo a comunidade a uma profunda observância da Regra de Santa Clara. Foi mãe terna, sábia e compreensiva no encorajamento das Irmãs e em infundir-lhes na alma o amor de Deus. Durante o seu governo, que durou quarenta anos, levou a termo duas empresas materiais bastantes exigentes, considerando-se a extrema pobreza da comunidade: a construção da igreja e o ampliamento do Mosteiro, que eram pequenos demais para acolher o grande número de jovens que acorriam, desejosas de viver a Regra de Santa Clara. Sua confiança na Divina Providência venceu todas as barreiras. Estimulou suas irmãs, a um entranhado amor à Eucaristia, diante da qual passava muitas horas em oração. Amava profundamente suas irmãs, tendo por elas cuidados de mãe, sobretudo pelas doentes e atribuladas. Perseverou por quarenta e oito anos em seu teor de vida santa, quando viu aproximar-se o dia de sua morte. Não sabemos ao certo de que doença morreu Matia. Os primeiros biógrafos dizem que foi consumida pelo amor, mais que de qualquer grave doença. Era o dia 28 de dezembro de 1320. Ela tinha então sessenta e sete anos de idade. Seu corpo se conservou intacto, exalando um perfume e um líquido sanguíneo, que tem umedecido suas vestes diversas vezes mudadas durante a história, das quais se distribui relíquias. Em 1765 foi proclamada Bem-aventurada pelo Papa Clemente XIII. O Mosteiro de Matélica, na Itáia, conserva ainda hoje seus despojos. É uma comunidade que guarda vivas as recordações de Matia Nazarei. Celebra-se sua festa no dia 15 de maio.
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