20 de ago. de 2010

Cecília Cóppoli




Bem-Aventurada Cecília Cóppoli (1426-1500)

Mulher nobre de grandes virtudes, de grande sentimento natural e adornada de especial ciência, douta em língua grega e latina, adornada de indizível beleza e de nobre parentela, uma das mais nobres famílias da cidade de Perusa, a casa Coppoli. Além dessas qualidades, era adornada de santidade e de graças de Deus e de grande oração e divina contemplação. Esta nobre criatura nasceu de mãe estéril, pela oração de São Bernardino de Sena, que pregava naquele tempo em Perusa. Filha do Senhor Francisco Coppoli e da Senhora Leonarda Contuccioli, nobres de Perusa. Deram-lhe o nome de Helena. Os pais não tiveram outros filhos. À medida em que crescia, foram-lhe dados mestres em casa; atendia somente ao estudo das letras e desejava tornar-se monja. Entretanto, chegando a idade de dezesseis ou dezessete anos, seu pai contratou casamento com um nobre jovem de Perusa. Logo em seguida, morre-lhe o pai e torna-se herdeira de todas as suas riquezas. Lendo as Sagradas Escrituras, durante dois anos em casa, amadureceu a decisão de consagrar-se a Deus, renunciando a todos os bens e ao casamento. Os Frades Menores da Observância indicaram-lhe o Mosteiro Santa Lúcia de Folinho, de Clarissas, onde era abadessa a Bem-aventurada Margarida de Sulmona. O esposo prometido retornara de Florença, onde comprara os brocados para vesti-la, desejando celebrar o mais cedo possível as núpcias. Frei André de Folinho, duas irmãs que pediam esmolas, esperavam-na numa casa de Beguinas, até que conseguisse fugir de casa. Helena fugiu numa manhã, enquanto a mãe foi à pregação, com o cavalo que o feitor do Mosteiro preparou-lhe, tendo os cabelos loiros soltos. Quando chegou nas Beguinas, Frei André e as irmãs acolheram-na com grande consolação e alegria por terem tirado do mundo tão nobre criatura e logo seguiram para o Mosteiro Santa Lúcia. O noivo, entretanto, tendo ficado ciente, foi ao Mosteiro com muita fúria, armado e com muita gente a cavalo. Mas o povo o impediu de atingir com violência o Mosteiro. E Helena, fortificada pela graça divina e pelas santas orações das Irmãs, permaneceu constante e invencível, desprezando as ameaças do noivo. Ao receber o hábito, as Clarissas deram à Senhora Helena o nome de Cecília, pois havia exercitado as mesmas virtudes da virgem e mártir romana. Como Clarissa, começou admiravelmente a exercitar-se em virtudes e santas obras, que todas extasiavam-se a contemplá-la. Possuía grandemente a graça da humildade e da oração e da divina contemplação. Conta uma lenda que por duas vezes o povo da cidade acorreu ao Mosteiro, vendo arder em fogo a torre onde ela costumava rezar. As irmãs apenas encontram-na ardendo ao fogo do Divino Amor e parecia um serafim. Teve o dom de Deus de prever o futuro. Suportou com muita paciência grandes perseguições, angústias e tribulações por desejar a Regra própria de Santa Clara. Depois de sete anos de seu ingresso foi eleita abadessa do Mosteiro, e foi a segunda abadessa, depois da Bem-aventurada Margarida de Sulmona, regendo por muitos anos as comunidades de Santa Lúcia de Folinho, de Monteluce de Perusa e a de Santa Clara de Urbino. Com efeito, no ano de 1448, por ordem do Papa Nicolau V e dos superiores da Ordem dos Frades Menores Observantes, com a Bem-aventurada Margarida de Sulmona e outras vinte e duas Clarissas do Mosteiro Santa Lúcia de Folinho, partiu para reformar o Mosteiro de Santa Maria de Monteluce de Perusa, onde viveu por cerca de um ano. Depois, no ano de 1449, quando as Irmãs retornaram a Folinho para a celebração do Capítulo, foi eleita abadessa do Mosteiro Santa Lúcia de Folinho, que ficara aos cuidados da vigária, a Bem-aventurada Alessandra de Sulmona. Aceitou o ofício de abadessa por obediência, ainda que não tivesse senão vinte e cinco anos, e o exercitou com muita prudência, zelo e fama. A 17 de dezembro de 1456 a Bem-aventurada Cecília tornou-se abadessa do Mosteiro Monteluce de Perusa, onde permaneceu por três anos. Ali deixou santos documentos e exemplos, retornando a Folinho, a 12 de agosto de 1460, eleita abadessa novamente. Governou com prudência e observância. Organizou a vivência regular e os  costumes do Mosteiro, a estreita clausura, ordenando que todas as que fizessem profissão não poderiam mais ser vistas pelos seculares sem licença. Isso divulgou a fama desse Mosteiro por distantes regiões. E isso moveu Frederico de Montefeltro, duque de Urbino, a obter do Vigário da Observância e do Papa Sixto IV a faculdade de levar algumas Irmãs deste Mosteiro para reformar o Mosteiro de Santa Clara de Urbino. A ordem do Papa chegou a 22 de dezembro de 1475 e partiram para o Mosteiro de Urbino duas irmãs juntamente com a Bem-aventurada Cecília, que era abadessa, como verdadeiras filhas da obediência, com rapidez e devoção. Lá foi eleita abadessa, permanecendo alguns anos para edificação e exemplo, reluzindo em santidade. No Mosteiro de Folinho foi eleita abadessa cinco vezes: em 1449, em 1460, em 1468, em 1474 e em 1489. Em Perusa foi abadessa por três anos, em 1456; em Urbino, no ano de 1475. No ano de 1450, pouco antes de ir a Urbino, recebeu o hábito clariano no Mosteiro santa Lúcia de Folinho  a mãe da Bem-aventurada Cecília, a nobre senhora Leonarda Contuccioli de Perusa, esposa de Francisco Coppoli, que ficara viúva. Chamou-se Irmã Leonarda, e em 1451 fez o seu testamento diante do Senhor Rogito de Messer Giácomo, notário de Folinho, para poder fazer a sua Profissão. Constituiu o Mosteiro, na pessoa da abadessa e em nome do Capítulo, como herdeiro de toda a sua herança, com plena liberdade de possuir, agir, vender alienar. Ela possuía o castelo nas proximidades de São Mariano, território de Perusa, com um terreno para cultivo, com vinhedos, olivais e bosques. Esta doação foi usada para a ampliação do Mosteiro e para a manutenção das sessenta ou mais Irmãs da comunidade. Durante o terceiro abadessado de Cecília, entre os anos de 1468 e 1474, as Clarissas passaram à rigorosa pobreza e à profissão da Regra de Santa Clara. Elas possuíam um dormitório comum e tinham os leitos tão unidos, que um quase tocava no outro. A igreja e o coro eram apertados para tantas irmãs, úmidos e pouco arejados. A enfermaria era pequena e a maior parte das enfermas, que eram muitas, padeciam de tuberculose. A Bem-aventurada Cecília, juntamente com sua mãe, que ingressara no Mosteiro, vendeu todas as suas riquezas, aplicando o dinheiro nas reformas do Mosteiro. Desejava ardentemente a estreitíssima e altíssima pobreza, e com as suas irmãs, propôs remediar tantas carências e aplicou o dinheiro na construção de uma enfermaria competente e capaz de acolher as enfermas para o restabelecimento da saúde. Receberam a licença em 1468 e assim foram vendidos todos os bens. Quando os médicos que assistiam às irmãs e o povo de Folinho ficaram sabendo da empresa, interessaram-se para que, além da enfermaria, fosse erguido também outro dormitório e um novo coro e igreja, mais amplos e arejados. As obras foram dirigidas pelo Frei Pedro de Cidade Castelo, então confessor das irmãs. No decorrer delas, não bastando o dinheiro conseguido com a venda dos bens da família Coppoli, foi necessário conseguir outra maneira de finalizá-las. E foi vendida, então, a melhor das possessões do Mosteiro, uma propriedade chamada Racanati, e assim reduziram-se a uma estreita e evangélica pobreza nada possuindo. Simultaneamente, Cecília atendia a vida espiritual das Irmãs, às virtudes e sobretudo à vivência da pobreza no espírito de santa Clara. Até ali haviam observado a Regra de Urbano IV. Em 1469 muitas das Irmãs pediram a Cecília para fazer voto de estreitíssima pobreza. Com o consentimento do confessor, Frei Miguel Spagnuolo, puderam fazê-lo. Mas o Provincial franciscano de Perusa, parente de Cecília, Frei Fortunato Coppoli, desgostou-se muito de que a comunidade houvesse alienado os bens estáveis, e mais, de que isso houvesse acontecido sem sua licença. Mostrou-se muito indignado com Cecília e com suas Irmãs por terem feito voto de estreitíssima pobreza, não querendo ter mesmo bens em comum. Irmã Cecília, para manter a paz, partiu acompanhada de duas Irmãs para o Mosteiro Santa Clara de Urbino, onde fora chamada pelo duque Frederico no ano de 1475. Cecília estava então no seu quarto abadessado, quando lhe foi conveniente partir. Sucedeu-a como abadessa Irmã Francisca de Perusa. Neste tempo, era síndico e protetor apostólico do Mosteiro o Senhor Pedro Benedito de Antônio, de Folinho, que foi libertado de um gravíssima enfermidade pelas orações e méritos da bem-aventurada Cecília e de suas irmãs. O último período de abadessado de Cecília foi no ano de 1489, sendo eleita na presença do síndico apostólico e procurador, o Senhor Liberatore de Bartolomeu, e do Senhor Miguel de Scopulo, sendo notário o Senhor Giovani Antônio. No documento consta a lista das cinqüenta e nove Irmãs da época. Cecília manteve grande amizade e contatos epistolares com Santa Eustóquia de Messina e com a Bem-aventurada Jacoba Policino. Foi a ela que Jacoba endereçou uma biografia de Santa Eustóquia, escrita por ela própria, e uma cópia do Livro da Paixão, escrito por Santa Eustóquia. Perseverando em muitas virtudes e santidade, rica de méritos e de boas obras, morreu santamente no dia 1 de janeiro de 1493, atingida pela peste. Sete anos após sua morte foram feitas sepulturas novas e, sendo escavadas as suas relíquias, que estavam na terra, foram encontrados íntegros o pescoço e a cabeça, como se ela  tivesse morrido então.  Sua festa é celebrada no dia 24 de janeiro.

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